TERCEIRO ACTO - Pesquisa e Criação Artística

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No ranking dos 50 websites mais procurados no Google com publicações na temática, o projeto TERCEIRO ACTO - Pesquisa e Criação Artística, criado em 2010, fomenta a dialogia entre teoria e prática através das vivências, do estudo e da reflexão sobre o papel da arte e da educação na sociedade.
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EQUIPE

Vanessa SCARINGI

Doutoranda em Educação Escolar (UNESP - atual), Mestra em Educação com ênfase em Linguagens, Práticas Culturais e Formação (UNESP, 2011), Especialista em Metodologia do Ensino de Artes (UNINTER, 2015), Especialista em Educação Especial (Centro Universitário Claretiano, 2013) e Pedagoga com habilitação em Administração Escolar (UNESP, 2006).

Fabiana GUILHERME

Doutoranda em Educação (UNESP - atual), Mestra em Educação com ênfase em Alfabetização (UNESP, 2011), Psicopedagoga (Centro Universitário Claretiano, 2008) e Pedagoga (UNESP, 2001).

Artistas e Fazedores Culturais da UNESP - Comissão Cultural do Campus de Rio Claro

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Técnica Básica do Balé Clássico

PILAR UNIVERSAL
     
     Por convenção internacional, os termos referentes ao balé são sempre escritos em francês. As concepções do balé ou sua cinesiologia está dividida em postura, posições e movimentos que a partir destes são feitas combinações entre eles, aumentando o grau de complexidade de acordo com o nível do bailarino.
      Os descritos a seguir se referem a séries de exercícios corporais básicos sem combinações para entendimento de uma aula de balé clássico que se divide em duas etapas: na barra e no centro - todas com objetivo fundamental: "Aprender ou reeducar a postura correta do corpo como também cuidados profiláticos a lesões como o aquecimento e alongamento" (Achcar, 1998).

      Os passos de balé são aprendidos de forma progressiva com a realização frequente. A barra, com apoio de um ou os dois membros superiores (MMSS),  condiciona o corpo porque os exercícios de barra seguem um ritmo certo. Primeiro são feitos os movimentos mais lentos depois os mais rápidos gerando força e agilidade ao corpo.

      No centro da sala é que o bailarino dança livremente exigindo postura, coordenação, força e agilidade. No entanto são desenvolvidas tanto na barra como no centro exercícios lentos e rápidos primeiro com os pés no chão até chegar aos saltos (Bertoni, 1992).

      Os exercícios corporais no balé são divididos de forma didática de acordo com sua realização:
a) posições do corpo;  b) posições na barra;  c) no centro da sala.

POSIÇÕES DO CORPO

      As posições do corpo no balé utilizam a musculatura da estática com contração isométrica principalmente em tronco, quadril e membros inferiores (MMII).

      Durante todos os movimentos e posturas no balé, deve-se manter o quadril na posição en dehor - termo francês que significa para fora, baseando-se na concepção de virar os pés e as pernas para os lados externos do corpo, sendo seu princípio básico. É um movimento anti-fisiológico chamado de segunda natureza. É utilizado como direção de movimento horário das pernas e corpo.

      Sua cinesiologia se apresenta pela colocação dos MMII em rotação externa iniciado na articulação do quadril, contraindo os músculos rotadores externos. Os joelhos, tornozelos e pés devem acompanhar o movimento de rotação externa de quadril e não realizá-lo. A rotação externa de quadril é combinada com retroversão femoral e alongamento anterior da cápsula, sendo que principalmente na 1ª posição que o pé e o tornozelo de uma das pernas se posicionam exatamente na direção oposta à outra perna e forma um ângulo de 180° entre os pés e os joelhos de ambos os MMII. Para iniciantes é comum 100° com intuito de evitar compensações (figura 1).
      Figura 1.
      A função do en dehors é possibilitar uma maior estabilidade, facilidade na movimentação como na beleza das linhas (Khan et al, 1995; Toledo et al, 2004). A figura mostra o en dehors sendo menor angulação usada para iniciantes.

      Segundo a codificação e elaboração da técnica clássica acadêmica do mestre Beauchamps, em 1650, as classificou sequencialmente de acordo com a dificuldade exigida as posições do balé.

      A técnica do balé exige alguns cuidados para evitar compensações e lesões futuras, entre elas estão a distribuição homogênea da descarga de peso em MMII, a contração isométrica de quadríceps e rotadores externos dos quadris - abdominais, a manutenção dos ombros baixos contraindo musculatura que faz adução e retração da escápula e do pescoço livre e relaxado. O posicionamento dos pés, mãos, braços e cabeça são fundamentais para uma execução sem desequilíbrios biomecânicos, a seguir serão descritos todos eles (Bertoni, 1992).

      As posições dos pés possuem variações (figura 2):

• Pé no chão = Pied a terre, ponto de apoio no arco plantar mantendo-o, não deixando desabar com en dehors (acompanhando a rotação externa do quadril) exceto na sexta posição (figura 2a).

• Pé na meia ponta baixa = Pied à quart (pé a ¼), tem função de aumentar o en dehors, seu ponto de apoio é no ante-pé com leve flexão plantar com en dehors (figura 2b).

• Pé na meia ponta = Pied sur la demi pointe. Apoio no ante-pé mantendo flexão plantar submáxima com en dehors (figura 2c).

• Pé na meia ponta alta = Pied a trois quarts (pé a ¾), com a função de aumentar a ADM das articulações dos ossos do tarso e tem o ponto de apoio sobre a articulação metatarso falangeana, mantendo flexão plantar máxima com en dehors (figura 2d).

• Pé na ponta = Pied sur la pointe, realizada com auxílio de sapatilha específica, o ponto de apoio está sobre as extremidades distais das falanges principalmente do hálux, mantendo uma flexão plantar máxima associada à inversão do tornozelo com en dehors (figura 2e).

• O pé fora do chão (no ar) deverá sempre manter uma flexão plantar máxima associada à inversão do tornozelo com en dehors (figura 2f). 
Figura 2. a. Pé no chão = Pied a terre; b. Pé na meia ponta baixa = Pied à quart; c. Pé na meia ponta = Pied sur la demi pointe;  d. Pé na meia ponta alta = Pied a trois quarts; e. Pé na ponta = Pied sur la pointe;  f. Pé no fora do chão – no ar (Achcar, 1998).

      Segundo Achcar (1998) os MMII serão posicionados em en dehors, exceto a 6ª posição, e são divididas em 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª posições (figura 3).

      Na 1ª posição, os calcanhares estarão encostados um no outro formando na face medial uma linha reta de 180°, exceto para iniciantes que é de 100°, ou seja, adução com rotação externa de quadril e extensão dos joelhos (figura 1 e 3a).

      Na 2ª posição, é mantida a 1° posição, mas agora com abdução de quadril, distante aproximadamente o tamanho de um pé e meio (figura 3b).

      Na 3ª posição mantém a 1ª posição agora com adução negativa de quadril, onde um calcanhar vai ficar encostado à frente do arco longitudinal medial do pé contralateral (figura 3c).

      Na 4ª posição, a 1ª posição com hiper-adução flexão e extensão unilateral de quadril está com descarga de peso nas duas pernas. Croisé (cruzado) pés paralelamente separados com uma distância de um pé e meio entre os dois, um calcanhar vai ficar frente à ponta do outro pé na altura do hálux (figura 3d1). Ouvert (aberto) ou effacée (apagado) pés paralelamente separados com uma distância de um pé e meio entre os dois com um calcanhar frente ao outro calcanhar (figura 3d2).

      A 5ª posição irá manter a 1ª posição agora com hiper-adução de quadril e pés paralelos onde o calcanhar de um pé se encontra atrás encostado no quinto metatarso e falange do pé contralateral, o que está à frente do outro pé ficará encostado no hálux (figura 3e).

      A 6ª posição é a posição anatômica, adução de quadril sem rotações com pés paralelos.  
Figura 3 . a. 1ª posição; b. 2ª posição; c. 3ª posição; d1. 4ª posição croisé; d2. 4ª posição ouvert; e. 5ª posição (Achcar, 1998).

      As mãos devem permanecer relaxadas, com oposição do polegar e leve flexão do terceiro e quarto dedo, a palma da mão sempre virada para dentro/anterior (antebraço supinado) ou para baixo (antebraço pronado) conforme a figura 4.
Figura 4. a. para dentro ou anterior, antebraço supinado; b. para baixo, antebraço pronado.

      A posição dos braços tem suas variações de acordo com cada escola e há divergências quanto à denominação de algumas posições, variando apenas a concepção de estilo e denominação.

     Todas seguem o princípio de ombros baixos, braços redondos e palmas para dentro. A 2ª posição é única em todos os sistemas. O movimento dos braços que alterna as posições chama-se port de bras.

      A escola inglesa usa o Sistema Royal Academy of Dancing. É um método mais complexo onde há seis posições sendo adotado na maioria das escolas de balé, possui as seguintes posições: bras bas, 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª posição (figura 5).
  Figura 5.  a. bras bas;  b. 1ª posição; c. 2ª posição; d. 3ª posição; e. 4ª posição; f. 5ª posição (Achcar, 1998).

      A escola russa usa o Sistema Vaganova - um método simplificado, onde há somente três posições: bras bas, 1ª, 2ª e 3ª posição (figura 6), podendo ser feita combinações entre elas.
   Figura 6.  a. bras bas;  b. 1ª posição;  c. 2ª posição;  d. 3ª posição (Achcar, 1998).

      As escolas francesa e italiana usam o mesmo sistema do bailarino Enrico Cecchetti - que foi o primeiro sistema de notação do balé no séc. XVII. Segue os mesmos princípios, mas quanto às posições adota a idéia antiga de Jean Georges Noverre que deu continuidade ao primeiro sistema de dança, determinando que todas as vezes que o braço está redondo ele é denominado 5ª posição.

      As posições da cabeça podem ter cinco variações conforme a figura 7: reta (olhar para horizonte, posição anatômica), para trás (olhar para cima fazendo extensão da coluna cervical, aproximando occipital da vértebra C7), para baixo (olhar para baixo fazendo flexão da coluna cervical, aproximando a região do mento ao manúbrio do esterno), inclinada (olhar para frente, inclinação lateral da cabeça como se as orelhas repousassem quase sobre o ombro, aproximando a região temporal ao acrômio), virada (com o corpo reto olhar para a direita ou esquerda, fazendo rotação da coluna cervical aproximando a região do mento ao acrômio).
Figura 7. a. para frente; b. inclinada; c. para cima; d. para baixo; e. para o lado (Achcar, 1998).

      As posições do corpo e pernas nos movimentos do balé também são sistematizadas. Um bailarino deve se considerar sempre o centro de um quadrado imaginário onde se irradiam oito linhas que indicam sua posição no palco, estas linhas também servem para direcionar o corpo e saber por onde o movimento se inicia, por onde deve passar e terminar.

      O ponto um é a frente, o cinco é o fundo e os números pares são as diagonais do palco (figura 8).
     Figura 8.

      O aprendizado das posições do corpo e sua manutenção no balé permite ao indivíduo desenvolver a noção espacial e sua interação com o meio trabalhando em conjunto com as propriedades físicas da dança, o raciocínio e a memória, proporcionando ao indivíduo vencer suas limitações. A mobilidade articular é trabalhada a todo o momento, principalmente nas articulações do quadril e tornozelo (flexão plantar e dorsiflexão), na maioria dos exercícios e posturas.

      O posicionamento do quadril no en dehors poderá ser substituído pela posição neutra do quadril a fim de evitar compensações nos joelhos.

POSTURAS NA BARRA E NO CENTRO
      Quanto às direções do corpo, a aprendizagem da boa estabilidade se inicia na barra com a postura do corpo reto e natural com peso distribuído entre as pernas e os pés com arco longitudinal fisiológico. Se não conseguir manter este arco longitudinal fisiológico, deverá diminuir o ângulo do en dehors.

      A coluna deverá ser a base do equilíbrio mantendo contração da musculatura responsável em aumentar os espaços intervertebrais. O posicionamento com o ombro do lado da perna que está em frente ligeiramente avançado obrigando o corpo a girar em direção da perna de trás e a cabeça também para o lado da perna que está na frente é chamado de épaulement (épaule = ombro).

      Existem três direções do corpo para o público: croisé (cruzado), en face (de frente) e effacé (apagado)/écarté (separado). A terminologia utilizada para as direções da perna são: devant (frente), de cote (lado)/á la seconde (na 2ª posição) e derrière (atrás). Assim são as posições do corpo na sala e no palco visualizado na figura 9: epaulement croisé, epaulement croisé en face, epaulement efface/écarté.
Figura 9. a. epaulement croisé; b. epaulement croisé en face; c. epaulement efface / écarté (Achcar, 1998).

      As direções e posicionamentos dos MMII são usados como as direções do corpo já citadas podendo ser feita combinações. As posições dos MMII (figura 10): par terre (no chão), en l'air (no ar).
    Figura 10.   a. par terre a frente; b. par terre ao lado; c. en l'air na anterior 90°; d. en l'air na posterior 45°(Achcar, 1998).

      Quanto às posições e direções do corpo e pernas temos os: arabesques, attitudes (figura 11).

      O arabesque, nome de origem árabe que significa ornamento, representa a posição em que o tronco é direcionado para frente deve estar totalmente alongado, o quadril em simetria com os ombros e os braços estendidos na posição determinada, estabelecendo a continuidade harmônica da linha desenvolvida desde a ponta do pé (da perna em arabesque), até os dedos das mãos fluindo sem tensão (figuras 11a e 11b). Assim, considerado como um movimento que compõe os passos mais característicos da técnica (Achcar, 1998; Khan e et al, 1995; Bertoni, 1992).

      No balé o arabesque é a posição com apoio unipodal com variações do pé que poderá estar no chão ou meia ponta ou na ponta com ou sem flexão de joelho, o membro inferior – MI – que está sem descarga de peso deverá manter-se com extensão e rotação externa de quadril joelho estendido e tornozelo em flexão plantar máxima com flexão dos dedos, pode estar no chão (par terre) ou no ar (en l'air) que é o mais utilizado. O corpo posiciona-se em allongé (alongado ao máximo) ou penché (pendente ou inclinado). A classificação é determinada pelas diferentes posições dos braços em ambos os sistemas: Royal possui três tipos e Vaganova quatro tipos que vão ser determinados também pela posição do corpo em relação ao palco, os dois sistemas tem a 1ª e 2ª posição do arabesques iguais (Achcar, 1998; Khan et al, 1995; Bertoni, 1992).

      O attitudes, palavra derivada do italiano attitudine, representa uma posição inventada por Carlos Basis lembrando a estátua de mercúrio de Gian de Bologna no séc. XVI foi desenvolvida inicialmente para terminação de giros. Os exemplos dos tipos de attitudes são: effacée, croisée derrière (figuras 11c e 11d). Caracteriza formas da posição no balé onde o corpo permanece em apoio unipodal como no arabesque enquanto a outra é levantada atrás ou na frente a 90°, mas o MI que está sem descarga de peso estará com o joelho semiflexionado posicionado na posterior (par terre nas poses de eupalement ou en l”air) ou anterior uma postura que proporciona desenvoltura e elegância aos giros. Esta situação proporciona ao tronco maior flexibilidade quando comparado ao arabesque (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).
Figura 11. a. arabesque; b. arabesque en penché; c. attitude effacée; d. attitude croisée derrière (Achcar, 1998).

      As posturas na barra e no centro necessitam principalmente do controle motor e equilíbrio. A tentativa de um paciente executar tais posturas poderá ser um potencializador das habilidades preservadas, como também das que foram perdidas, podendo ser um desafio a cada aula

OS MOVIMENTOS

      Os movimentos básicos do balé são: plié e en croix. Todos são executados mantendo a posição de MMII em en dehors, já descrito anteriormente, usando musculatura dinâmica fazendo contração muscular concêntrica e excêntrica (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).

      O plié quer dizer dobrado/flexionado, é o primeiro exercício na barra sendo o princípio básico da técnica da dança e o segredo dos grandes bailarinos. Tem a função de alongar e relaxar os músculos dos MMII tornando-os flexível, preparando para os exercícios, como também realizado para ligação dos movimentos do balé. Pode ser classificado: como postura/posição e movimento na execução de exercício de base. O bailarino realiza este movimento vagarosamente ao flexionar seus joelhos na mesma linha dos pés, que estarão em total rotação externa juntamente com o quadril. Também solicitado quando é executado qualquer tipo de combinações de pequenos ou grandes saltos conforme Khan et al (1995) e Achcar (1998).

      O plié possui alguns objetivos, entre eles está o alongamento do tendão do músculo tríceps sural, aumento da ADM na dorsiflexão que poderá melhorar o controle motor durante a marcha.

      O demi plié, meia ou pequena flexão em CCF fazendo flexão/abdução/rotação externa de quadril, flexão de joelho, dorsiflexão de tornozelo máxima sem tirar os calcanhares do chão veja a figura 12a. Caso este ocorra em CCA com apoio unipodal é chamado de fondu (fundido/desmanchado) com o membro de sustentação que está sem descarga de peso (CCF+CCA) executando os mesmo mecanismos do plié (figura 12b). O fondu treina o apoio unipodal com alinhamento biomecânico, semelhante ao movimento na fase de balanço da marcha. O demi plié é utilizado na execução de combinações de passos de allegro (pequeno ou grande) e na ligação desses passos. Podem ser executados em todas as posições exceto iniciantes que são realizam nas 1ª, 2ª e 3ª posições.

      O Grand plié refere-se grande flexão em CCF fazendo retroversão pélvica, flexão/abdução/rotação externa de quadril, flexão de joelho, dorsiflexão de tornozelo máxima até iniciar o tirar dos calcanhares do chão fazendo meia ponta baixa de acordo com a figura 12c. Deve se iniciar passando pelo demi plié realizando movimento contínuo e lento. Tem a função de aumentar força de MMII e tronco, propriocepção da descarga de peso homogênea. Pode ser realizado com apoio parcial, na barra (figura 12d) ou sem apoio, no centro (figura 12c).
Figura 12. Variações do movimento plié: a .demi-plié; b. fondu; c. grand-plié sem apoio; d. grand-plié com apoio (Achcar, 1998).

      O significado de en croix é em cruz, ou seja, é o movimento que segue o sinal em cruz, qualquer exercício executado nos planos, sagital e frontal com um dos MMII seguindo a seqüência do movimento para frente, lado, atrás e ao lado novamente (figura 13).
Figura 13. O movimento en croix: a. visão do plano transverso seguindo a sequência numérica inicia e termina na preparação; b. visão lateral do movimento (Achcar, 1998).

      O movimento en croix trabalha os movimentos nos planos funcionais dos MMII. Quando o movimento é iniciado pela frente denomina-se movimento em en dehors ou se iniciar atrás em en dedans. O movimento en dehors segue a seqüência das posições devant, a la second, arriere, ou seja, no sentido horário (frente-lado-trás) para MMII ou de abertura para MMSS (figura 14a). Movimento en dedans realiza a sequência das posições arriere, a la second, devant, ou seja no sentido anti-horário (trás-lado-frente) para MMII ou de fechamento para MMSS (figura 14b). Todos os movimentos do balé seguem esta seqüência básica em seus exercícios, podendo ser feita algumas combinações a fim de aumentar o grau de complexidade.
Figura 14. Visão do plano transverso do movimento en croix en dehors (a) e en dedans (b), seguindo a sequência numérica, inicia e termina na preparação (Achcar, 1998).

      Com olhar terapêutico para os movimentos do balé, pode-se fazer um trabalho em CCA+CCF juntamente com a musculatura da estática e dinâmica recrutando fibras musculares de contração concêntrica e excêntrica. Os movimentos nos exercícios do balé podem ser divididos em: a) movimentos de exercícios básicos; b) movimentos auxiliares no balé

MOVIMENTOS DE EXERCÍCIOS BÁSICOS

      Os movimentos de exercícios básicos vão compor os passos e demais sequências do balé entre eles estão: battement, pás, relevé e sauté.

      O battement significa batida, é o movimento executado em forma de batida ou compasso com extensão total de joelho com movimento de quadril no plano sagital e frontal (flexão, extensão, abdução e adução) com tornozelo em flexão plantar enquanto estiver fora do chão e posição neutra quando no chão. O termo petit quer dizer pequeno.

      O battement possui uma variedade de exercícios que proporcionam força flexibilidade para os MMII preparando para saltos e ligação dos movimentos, por exemplo, o battement tendu, battement jété (figura 15b) ou fondu. Estes são executados com ADM menor que 90 graus. Já o termo grand possui as mesmas propriedades do petit com a diferença que é executada em ADM maior que 90 graus, por exemplo, temos o grand battement (Bertoni, 1992 e Achcar, 1998).

      O battement (batidas) tendu (esticado) é executado en croix par terre com contração isométrica máxima mantendo MMII esticados. Devant (a frente) há flexão de quadril extensão de joelho, derrière (atrás) há extensão de quadril e joelho, à la seconde (na segunda posição, ao lado) abdução de quadril sendo que nos três anteriores o tornozelo estará em flexão plantar máxima.

      O tronco permanece em contração isométrica dos estabilizadores centrais conforme a figura 15. Os braços vão variar as posições de acordo com o objetivo do exercício (Achcar, 1998). Os battements recrutam com mais intensidade os músculos do tronco e MMII que proporcionam ao quadril uma maior mobilidade. A adaptação deste exercício poderá ser feita com o indivíduo no solo em decúbito (dorsal/ventral/lateral) ou numa piscina, que dependerá do objetivo a ser alcançado com o paciente.
      Figura 15. O pás (passo) é um único movimento de MI, quando no ato de andar ou dançar, utilizado como prefixo dos passos do balé. Exemplo: pás de chat (passo de gato). O elevé (subido) é o movimento de subir na ponta ou meia ponta sem fazer uso do plié ou fondu, executado sem flexão de joelho, com ou sem apoio unipodal.

      O relevé (elevado) é o movimento de subir na ponta ou meia ponta fazendo uso do plié ou fondu, executado com flexão de joelho, com ou sem apoio unipodal, como mostra a figura 16. O elevé enfatiza o equilíbrio e fortalecimento dos músculos gastrocnêmios; já o relevé adiciona o trabalho dos músculos adutores e quadríceps.

Figura 16. Relevé (elevado) movimento inicia no plié e termina com extensão dos joelhos com os MMII na 5ª posição (Achcar, 1998).

      O sauté (saltado, pulado) pode ser realizado na 1ª ou 2ª posição dos pés como também em passos que são feitos pulados que partem e retornam do plié ou fondu. O sauté envolve as propriedades físicas da dança, a descarga de peso e a junção da contração concêntrica seguida da excêntrica, bem semelhante aos exercícios pliométricos (figura 17).
Fifura 17. Sauté em primeira posição de MMII e MMSS na posição de bras bas (Achcar, 1998).

BIBLIOGRAFIA

ACHCAR, Dalal. Ballet uma arte. RJ: Ediouro, 1998.

BERTONI,  Ísis Gomes. A dança e a evolução; O balé e seu contexto teórico; Programação didática. SP: Tanz do Brasil, 1992.

KHAN, K. et al. Overuse Injuries in classical ballet. Sports Medicine, 19 (5): 341-357, 1995.

TOLEDO, S. D. et al.  Sports and Performing Arts Medicine. Issues relating to dancers. Arch Phys Medical Rehabilitation 85 (1): 75-78, março, 2004.

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